O projeto trabalha com arte, educação, empreendedorismo e inclusão
Quem viu o musical pernambucano, “CAPIBA, pelas ruas eu vou”, que chegou em São Paulo nesta semana, não imagina o árduo trabalho que foi até chegar lá. Um esforço e uma competência construídos lá trás, há cerca de 20 anos. O espetáculo tem assinatura do Aria Social, um espaço que respira, inspira e transpira arte e transforma a vida de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.
Criado para suprir significativa demanda social na Região Metropolitana do Recife, bem como para contribuir para a democratização cultural e artística do estado de Pernambuco, o projeto Aria Social tem como via de ação a educação através da arte por acreditar em sua força transformadora. O público-alvo do projeto são crianças e jovens de famílias em situação de vulnerabilidade social, matriculados em escola pública e moradores de bairros carentes próximos à sede localizada no município de Jaboatão dos Guararapes.
“Esse é um projeto de amor e resgate à dignidade. Acolhemos e fortalecemos a subjetividade de cada educando, promovendo empoderamento e conquistas surpreendentes. Nossos ensinamentos ultrapassam condições físicas e sociais”, explica Carla Machado, examinadora técnica de Ballet Clássico, professora e coreógrafa do Aria Social.
A entidade tornou-se um acessível instrumento de formação – pessoal e profissional – e transformação humana, uma vez que atua no potencial educativo, na disciplina, na força propulsora da criatividade e no fortalecimento da autoestima dos jovens e adultos que fazem parte da instituição.
Entre os eixos de atuação estão a Arte Educação (com dança clássica, iniciação musical – com flauta, violão e canto coral —, língua portuguesa — com aulas de aprimoramento do vocabulário e estímulo à leitura, além de curso preparatório de português para o ENEM —, raciocínio lógico e teatro), espetáculos musicais, empreendedorismo e inclusão.
O projeto Aria Social mistura música popular e erudita, propondo uma transformação humana através da arte e da criatividade. É possível ver essa dinâmica na prática através dos espetáculos musicais. A entidade já apresentou musicais em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe. Entre os espetáculos estão Lua Cambará; O Nosso Villa; Lágrimas da Lua e Capiba, Pelas Ruas eu Vou .
“O contato com a arte foi fundamental para o desenvolvimento do meu pensamento crítico que, aliado ao meu grande interesse pelos estudos, me fez alçar grandes voos. Eu não tenho nem como apagar o impacto que o Aria teve na minha vida”, diz Fred Ramon, que passou em nove universidades americanas e hoje estuda Ciência da Computação e Estudos Globais na Whittier College, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
Os alunos se formam não apenas como artistas, mas também como profissionais da área. Para quem cursa ou já concluiu o Ensino Médio, tem conhecimento em dança e quer investir em profissionalização e formação formal, há a possibilidade de se inscrever para o Curso Técnico em Dança, o primeiro de Pernambuco a ser reconhecido pelo MEC, desde 2022.
“Entrei no Aria aos 13 anos, em 2004, e tudo mudou a partir daí. Na adolescência, o projeto foi uma importante escolha para a minha profissão, me abrindo portas na área de Educação Física e foi um diferencial para a minha contratação nas melhores empresas da área. Tudo isso foi possível graças à formação que adquiri em Música, Dança Contemporânea e Ballet. Acabei conquistando vários sonhos e um deles foi o intercâmbio de Dança [na Suíça e em Nova York], com vivências riquíssimas que levarei para a vida. Há alguns anos, recebi o convite para ministrar aulas no Curso Técnico em Dança do Aria Social, o que foi um grande reconhecimento para mim”, explica Nataly Araújo, aluna egressa do projeto.