Atletas paraolímpicos não estão superando a própria deficiência

Por Renata Maia

Os Jogos Paraolímpicos estão começando, e eu gostaria de propor algo diferente. Que tal assistirmos a essas competições com o mesmo entusiasmo e respeito que reservamos para qualquer outro evento esportivo? Sem essa ideia equivocada de que estamos fazendo um favor ou cumprindo um dever moral ao assistir. Vamos deixar de lado aquelas frases vazias que transformam esses atletas em meras fontes de inspiração, como se o que fizessem fosse sobre “superação pessoal” ou um lembrete para que nós “não tenhamos desculpas para isso ou aquilo”… (socorro) Esse olhar capacitista desvia nossa atenção do que realmente importa: o talento, a disciplina e a impressionante habilidade desses atletas.

Esses competidores não estão nas Paraolimpíadas para provar nada a ninguém. Eles não estão ali para serem vistos como figuras que, heroicamente, superaram barreiras intransponíveis ou como seres que devem ser admirados por transcender suas limitações. Atletas paraolímpicos não estão superando a própria deficiência, e não precisam superá-la, para serem atletas excepcionais. Eles estão onde estão porque são atletas de elite, porque dedicaram suas vidas a um esporte e porque merecem estar exatamente onde estão – nas arenas, nas pistas, nas quadras, competindo entre os melhores do mundo.

Quando vibramos por Rebeca, Raíssa, Bia e tantos outros atletas, celebramos sua excelência esportiva, o esforço gigante, e a paixão pelo que fazem. E é exatamente isso que devemos fazer pelos atletas paraolímpicos. Vamos assistir às competições, torcer, vibrar, comemorar cada vitória e apoiar em cada derrota, porque eles também representam a mais pura expressão do esporte.