A peça ‘Mulheres de Nínive’ traz à tona a necessidade da desconstrução da estrutura patriarcal
Nesta quarta-feira (02), estreia o espetáculo ‘Mulheres de Nínive’ e segue com outras duas apresentações amanhã (03), no Teatro Hermilo Borba Filho, dentro da programação do Festival Cumplicidades. O monólogo surge a partir de diversas dúvidas acumuladas ao longo dos tempos: Quantas mulheres incríveis foram invisibilizadas ao longo da história da humanidade? Quantas delas foram aprisionadas em ciclos repetitivos de dor, violência, medo e culpa, tudo isso como instrumentos de apagamento e controle social?
Foi justamente para artística e filosoficamente responder em si mesma e contando com a contribuição de várias mulheres e uma pesquisa aprofundada, que a atriz, apresentadora e produtora cultural, Nínive Caldas, pensou na peça, que é dirigida pela atriz, psicóloga e diretora teatral, Hilda Torres. O trabalho busca ressignificar as possibilidades do “existir mulher”. Apesar do nome do espetáculo ser praticamente homônimo ao da atriz, a peça está longe de ser uma experiência meramente auto-centrada.
Várias histórias de mulheres se misturam nesse enredo que é completamente atemporal. Não existe nele uma personagem principal, são várias mulheres que habitam uma mesma em cena. Mulheres que colocaram e colocam seus corpos como instrumento para abrir portas e arar terrenos para as do futuro.
É, sim, uma busca que parte de vivências pessoais, mas em diálogo e desconstrução da estrutura patriarcal na qual estamos todas e todos inseridos. A proposta surge a partir da relação de Nínive com Maria Madalena, personagem que interpretou na Paixão de Cristo, em Fazenda Nova. Em seu processo de pesquisa cênica, percebeu que Madalena era mais uma mulher que teve sua história apagada, reforçando a lógica machista, misógina e preconceituosa que ela e tantas outras mulheres, além da própria Nínive, foram inseridas sumariamente pela estrutura.