Por Renata Maia
@renatamarquesmaia
Todos os dias, surge uma nova notícia (velha). Crianças autistas ou com outras deficiências sofrendo agressões em escolas, clínicas, lojas, e até em seus próprios lares. Mas, curiosamente, é nas escolas, aqueles lugares que deveriam ser templos de proteção e acolhimento, que a maioria dessas histórias se desenrola. Parece um contrassenso. E é. Um lugar feito para ensinar, educar, formar cidadãos, acaba se tornando, para alguns, palco de cenas que mais lembram pesadelos.
São histórias de arrepiar. De professores que, em vez de ensinar, ignoram – ou pior. De colegas que, ao invés de acolher, zombam. E de dirigentes que simplesmente fecham os olhos. Como se essas crianças fossem invisíveis, como se o sofrimento delas fosse parte de um currículo que ninguém quer discutir.
É tanta notícia igual que já me peguei conferindo… Esse não é o mesmo caso que vi ontem…? Parece um eterno déjà vu. Mas aí percebo que mudam as cidades, os nomes, as idades… e mais nada.
Eu vejo essas reportagens e fico pensando: todo dia isso? Por que será que nada muda? Aí me lembro que é porque a dor tem esse defeito de fábrica: essa característica insuportável de ser única e indivisível. A gente pode tentar explicar, descrever, publicar, denunciar, fazer poesia, gritar ou falar baixinho. A dor é só de quem sente.
Ficamos comovidos, é verdade, mas raramente nos movemos além desse estado de comoção. Que tristeza essas crianças maltratadas assim nas escolas! Isso não deveria jamais acontecer, pensamos. E passamos à próxima reportagem ou ao próximo post na rede social.
A dor do outro até nos comove, mas não nos move.