Escolas precisam cuidar do professor, do seu bem-estar emocional e físico, garantindo que ele possa exercer seu papel formador com suporte adequado

No mês de outubro é celebrado o Dia do Professor e, mais do que homenagear esses profissionais que dedicam suas vidas à formação das novas gerações, é essencial refletir sobre a necessidade de cuidar de quem cuida.

De acordo com a pesquisa Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil, publicada em 2024 pelo Instituto Semesp, 52,3% dos (as) professores (as) afirmaram já ter sofrido algum tipo de violência enquanto desempenhavam suas atividades. As agressões verbais lideram o ranking, representando 46,2% dos casos, seguidas pela intimidação (23,1%). A pesquisa aponta que a violência é praticada principalmente por alunos (as) e responsáveis. A pesquisa entrevistou professores (as) da Educação Infantil ao Ensino Médio, de instituições privadas e públicas, de todas as regiões do país.

O cenário acende um alerta para a necessidade de se pensar em estratégias que vão além do ensino acadêmico.

“É preciso cuidar do professor, do seu bem-estar emocional e físico, garantindo que possa exercer seu papel formador com suporte adequado. Apoiar o professor deve ser compreendido como algo amplo. É necessário ter um olhar atento e enxergar o docente não apenas enquanto profissional formador, mas enquanto sujeito que tem suas ansiedades, seus limites, suas potencialidades e, a partir disso, entender esse sujeito e favorecer o seu desenvolvimento em sua integralidade, além de lembrá-lo, rotineiramente, de como cada um deles é essencial no processo de aprendizagem e na educação integral dos indivíduos”, afirma Renata Gabriel, diretora do Colégio Apoio do Recife, especialista em Gestão Educacional e Coordenação Pedagógica pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Para cuidar de quem cuida, o Colégio Apoio investe no fortalecimento emocional e acadêmico de seus professores e professoras por meio de formações contínuas e momentos dedicados ao desenvolvimento de estratégias que vão além da rotina escolar. Essas iniciativas incluem não apenas ferramentas para melhorar a dinâmica em sala de aula, mas também, ações focadas no autocuidado e na construção de relações interpessoais mais saudáveis, essenciais para o equilíbrio e bem-estar dos educadores e educadoras.

“Os professores quando saem de suas graduações ainda precisam estar em formação para o enfrentamento das práticas pedagógicas no cotidiano, cada vez mais complexas. É necessário investir nessa formação continuada que visa tanto à formação acadêmica, quanto à pessoal e relacional”, destaca Renata Gabriel.

Importância da parceria Escola e Família

Outro ponto essencial para a valorização do professor e a educação do aluno para uma vida cidadã é a parceria e o diálogo aberto entre escola e família que precisam ser estabelecidos, principalmente, diante do cenário de ondas de violências contra professores.

“É necessário estabelecer relações de parceria e confiança. As famílias precisam entender que a ação do seu filho em casa é algo mais individual. Dentro da escola, essa criança e esse adolescente vivem em um coletivo. Por isso, é importante que, quando o filho leva para casa alguma r insatisfação com o professor ou colégio, as famílias procurem o professor ou a gestão para ouvir todos os lados, oportunizando ao estudante um alargamento de sua janela de análise. Dessa forma, a empatia e o respeito ao diferente serão fortalecidos com tolerância e diálogo”, enfatiza.

A especialista destaca que a reflexão sobre a atuação do professor é necessária para compreender a dimensão da importância que ele/ela exerce na formação das novas gerações. O papel do docente vai muito além de transmitir conteúdo: ele/ela é um mediador de conhecimento, e sua influência acompanha os alunos e alunas por toda a vida.

“O educador constrói conhecimento junto com o aluno, e em cada estudante que ensina, ele/ela deixa um pouco de si. O que cada professor ensina se perpetua nas gerações futuras, contribuindo com a formação de cidadãos e cidadãs que vão atuar no mundo de forma ética, respeitosa e competente. Cuidar de quem cuida é garantir que o futuro da educação seja sustentável e que os professores continuem a desempenhar sua missão com dignidade e apoio”, conclui Renata Gabriel, diretora do Colégio Apoio.