
Dizem que ser mãe de criança pequena é algo muito solitário. E é mesmo. Mas, à medida que a criança cresce, ela vai ganhando certa autonomia nas pequenas coisas e a vida fica um pouco parecida com o que era antes.
Amigos podem se encontrar. Enquanto conversam, as crianças brincam. Ah, finalmente as coisas começam a ficar mais leves!
Mas não para nós, que temos filhos com deficiência. Para a gente, o tempo passa e a solidão aumenta. Os convites, antes abundantes, quase não aparecem mais.
Penso sempre que isso não acontece por falta de vontade ou de afeto. Talvez, por uma incompreensão desconcertante. O que fazer diante da menina que não brinca como as outras crianças?
Como é difícil ver alguém que não cabe na moldura…!
Quando o convite chega, no entanto, ainda é muito difícil. Sigo solitária e vigilante em meio a uma multidão de outras mães que podem, sem culpa, relaxar um pouco. Eu gostaria de poder também. “Deixa que eu fico com ela”, imagino ouvir. Mas não ouço. Porque, na maternidade atípica, a aldeia se desfaz como fumaça, deixando você, e só você, para embalar a criança.
E assim a frase, muitas vezes dita como brincadeira, ecoa: “Quem pariu Mateus que balance”. E se você não consegue perceber sozinho a crueldade disso, eu não poderia te explicar de nenhuma maneira.