Quem é você que não sabe o que diz?

Há mais de oito anos, vivo, estudo e respiro autismo. Para ajudar minha filha a enfrentar dificuldades, já tentei terapias, tratamentos tradicionais e alternativos, conselhos de especialistas e até as dicas bem-intencionadas de amigos e conhecidos. Já passei noites lendo artigos científicos difíceis ou assistindo a vídeos diversos. Já participei de grupos de apoio – interessantes ou chatíssimos – e me consultei com especialistas de várias áreas – alguns maravilhosos e outros, eu diria, insensíveis. E nós avançamos muito. Nessa jornada, cada pequeno progresso, cada conquista, por menor que seja, é celebrado como uma vitória!

Mas, infelizmente, para algumas questões, nada parece ser suficiente. Tantas vezes, sinto como se certos obstáculos estivessem sempre um passo à frente, como se houvesse uma barreira invisível que eu não consigo transpor, por mais que me esforce. É exaustivo e, às vezes, desanimador. Sinto um misto de orgulho pelo quanto minha filha já superou e frustração por não conseguir oferecer a ela tudo o que precisa. E cada novo desafio que surge parece desafiar todo o meu conhecimento e empenho.
E aí, sempre que falo sobre os nossos desafios, aparece alguém, cheio de boas intenções, que pergunta: “Mas você já tentou o método X, Y, Z?” É como se, a cada conversa, surgisse uma nova sugestão, uma nova possibilidade que eu – vejam só, que distraída! ou relapsa? – ainda não teria considerado. Tentei, moço(a), eu tentei! Não há pedra que eu não tenha virado na esperança de encontrar a chave para ajudar minha menina.

Por isso, quando você me indica um novo método terapêutico que sequer conhece ou um estudo que nunca leu, lembro-me de Noel: “Meu Deus do céu, que palpite infeliz!” No fundo, parece que, apesar de todo o meu empenho, estou constantemente sendo lembrada de que ainda não fiz o suficiente: a culpa de qualquer barreira não superada é exclusivamente minha. Talvez, se eu me esforçasse mais…