Olá, meu nome é Renata Maia. Sou jornalista, escritora, servidora pública e mãe de duas crianças incríveis. O fato de uma delas ser autista me trouxe o status de “mãe atípica”, também conhecido em nossa sociedade como “escolhida por Deus”. Acho sempre muito curioso que quem me chama assim não deseje estar em meu lugar.
Outra plaquinha que muitos gostam de nos entregar, com aplausos e admiração, é a de “guerreira”. No meu caso, aceito e carrego esse título comigo, mas sem orgulho. Não há como negar que vivemos em guerra, porém não por bravura.
E a batalha começa cedo, no consultório médico, na escola, na praça, na rua, na chuva, na fazenda. Lutamos contra a ignorância, o preconceito e a indiferença, para que nossos filhos sejam respeitados. Nos debatemos contra um sistema que nos desampara. E, no final do dia, tantas vezes, sentimos o peso da derrota. O cansaço é profundo, a frustração é uma sombra constante e a solidão nos acompanha silenciosa.
Se não paramos é simplesmente porque há uma força que nos impulsiona: o amor incondicional pelos nossos filhos. Toda noite, eu sonho em hastear minha bandeira branca. Então eu acordo, olho para minha pequena, e visto minha armadura. Em frente, por ela e para ela, sempre.
Quando Isabela me ofereceu este espaço em seu site, pensei: é isso! Eu vou pedir ajuda. Quero convocar todo mundo.
Estamos tão cansadas! Eu e muitas outras mães “guerreiras, fortes e iluminadas” não aguentamos mais. Chorar no chuveiro e desabafar em grupos só “nossos” não têm ajudado muito. Essa guerra não é só nossa, não pode ser! Ela é de todos que acreditam na humanidade.
Vamos precisar de todo mundo, já dizia Beto Guedes.
Venham, alistem-se, juntem-se a nós – porque sozinhas já não podemos. A inclusão é e precisa ser um pacto social. Um compromisso coletivo que exige a participação ativa de cada um.
Vamos construir um mundo onde a dignidade e o respeito sejam direitos universais e inegociáveis. Quem sabe assim a Terra será, finalmente, o mais bonito dos planetas.